A Jornada de Deixar de Ser um “Fixer” e “Agradar Pessoas”
Muitas vezes, a motivação por trás do ato de agradar os outros é a busca por felicidade e alegria para eles, sob a crença de que isso, por sua vez, nos trará a mesma sensação. Mas o que acontece quando tentamos agradar alguém e essa pessoa não fica feliz? A resposta instintiva é: **tentar com mais afinco**.
Essa dinâmica de esforço constante para garantir a felicidade alheia pode levar a padrões comportamentais específicos. Uma pessoa que se encaixa no perfil de “fixer” (alguém que conserta problemas) ou “people pleaser” (agradador de pessoas) frequentemente encontra seu caminho em indústrias de serviços, onde a satisfação do cliente é o foco principal.
O Caso da Terapeuta de Massagem
Um exemplo notável disso é a experiência de alguém que escolheu uma carreira perfeitamente alinhada com o ato de agradar pessoas: a terapia de massagem. Uma profissional passou 23 anos nessa carreira, sentindo-se apaixonada e recebendo muito *feedback* positivo de clientes satisfeitos, o que a fazia se sentir bem consigo mesma.
No entanto, ao deixar a profissão, essa pessoa percebeu que sua identidade estava profundamente ligada a esse papel de agradar. A saída da carreira também levou a um distanciamento de seu círculo social anterior, deixando-a em um momento de investigação sobre o que faria a seguir. Atualmente, ela está focada em retiros de viagem, explorando paixões renovadas.
Os Desafios do Padrão de Agradar Pessoas
A autodescoberta revelou que, durante anos, o padrão de agradar pessoas esteve financiando seu estilo de vida. A saída desse ciclo profissional gerou um choque, pois as pessoas que ela considerava amigas ou parte de seu círculo também se afastaram, indicando que essas relações poderiam estar condicionadas ao seu papel de “fixer”.
Essa situação nos leva a refletir sobre a origem desses padrões. Em um caso compartilhado, percebeu-se que o papel de “protetor” na família, desenvolvido na infância devido a uma dinâmica de tensão familiar (onde um dos pais era dominante e o outro não era o protetor esperado), levou a adotar uma postura defensiva.
Inicialmente, a pessoa era confrontacional, mas, ao não desejar mais esse papel de “lutadora”, fez uma transição para ser mais passiva, tornando-se uma “fixer” ou agradadora. Ao perder a identidade de protetora, precisou preencher esse vazio, optando pelo papel de “fixer”.
O Exercício da Máscara
Para visualizar e desconstruir esses padrões, um poderoso exercício envolve o uso de uma máscara que representa o papel assumido (como “fixer” ou “pleaser”). O objetivo é exagerar a energia e a linguagem corporal desse papel enquanto se olha no espelho.
A intenção por trás da exageração é perceber o quão “bobo” ou inautêntico esse padrão é, e o quanto ele se torna um “suga-energia”. O padrão do fixer ou agradador é, em essência, algo que foi colocado em algum momento do passado, mas que se mantém por hábito.
Ao falar com a máscara colocada, a pessoa é incentivada a dizer coisas como:
* “É meu trabalho consertar outras pessoas.”
* “Acredito que se eu consertar os outros, então posso me sentir bem comigo mesmo.”
* “Se eu puder consertar outras pessoas, estou fazendo o bem no mundo.”
Essa dramatização ajuda a conectar-se intuitivamente com a energia do papel.
Quem é você sem a Máscara?
Após incorporar o papel exagerado, a instrução é remover a máscara e confrontar a si mesmo no espelho, conectando-se com o verdadeiro eu. A resposta ao tirar a máscara foi de que a sensação era de algo “mais leve” e “mais fácil”.
A pergunta subsequente é: Quem é você sem a máscara de fixer? A resposta foi simples: “Apenas eu”.
Perguntas essenciais para a autoanálise incluem:
* O que a máscara de fixer estava bloqueando você de sentir? (Resposta: Autenticidade.)
* Que energia ou emoção o fixer permite que você evite? (Resposta: Olhar para dentro e se consertar.)
Se estamos focados em consertar os outros, evitamos o trabalho de consertar a nós mesmos.
Tensão e Superproteção
O padrão de *fixer* também se manifesta na evitação da tensão, sob a crença de que a tensão é inerentemente ruim. Se um cliente (ou alguém próximo) não está feliz com o serviço prestado (ou com a ajuda oferecida), o *fixer* sente-se mal, triste ou até “pisto fora” (com raiva).
Contudo, a regra do *fixer* é não expressar essa tensão, pois a emoção do outro se torna a sua própria tensão.
* A felicidade do outro era a sua felicidade. O campo energético se expande para incluir os sentimentos alheios, gerando dependência das emoções ao redor.
* Ao invés de intervir, a nova abordagem é: “Eles precisam chegar à conclusão sozinhos.” O *fixer* costumava intervir sem permissão, o que gerava energia desequilibrada.
Permitir que as pessoas sintam o que precisam sentir, mesmo que seja sofrimento ou dor, pode ser a “medicina” necessária para seu crescimento, sem que o *fixer* precise “salvar o dia”. Afinal, a autoestima do *fixer* muitas vezes está atrelada a esse ato de proteção e conserto.
Regras e Codependência
A dinâmica do *fixer* envolve regras implícitas: “Se eu usar esta máscara, mitigarei sua tensão. Não vou sentar com sua tensão.” Isso leva a uma forma de codependência.
Se a pessoa superdoa (overgives), ela atrai pessoas que a sobrecarregam (overtakers), pois a lógica subjacente é: “Eu dou tanto que ninguém mais dará no mesmo nível, portanto, não serei abandonada.” Essa é uma tentativa de evitar o abandono, mas resulta em abandono de si mesmo ao usar uma máscara desatualizada e energética. O ponto crucial é reconhecer que é possível tirar essa máscara e viver de forma autêntica.





