Como Lidar com Estilos de Apego Ansioso ou Evitativo
Muitas pessoas buscam uma forma de “se livrar” de um estilo de apego ansioso ou evitativo. É crucial entender que esses padrões de comportamento, que se manifestam como se afastar do amor (evitativo) ou ansiar desesperadamente por ele (ansioso), foram estabelecidos no início da vida, muito provavelmente como um mecanismo de enfrentamento durante a infância.
Podemos encarar isso como uma versão anterior de nós mesmos, uma parte de nós que se sente ansiosa ou evitativa.
Quando perguntamos “como me livrar disso?”, é como perguntar se livraríamos de uma criança ansiosa ou evitativa. A resposta é que não se trata de “se livrar”, mas sim de **reconhecer e nutrir essa parte de nós** que carrega essas necessidades.
O processo de cura do estilo de apego, visando um modo mais seguro, envolve desenvolver confiança com essa criança interior que manifesta padrões ansiosos ou evitativos. É sobre estar presente, reconhecer e acalmar esse aspecto da nossa consciência.
A Armadilha do Apego Ansioso-Evitativo
Frequentemente, atraímos pessoas para nossas vidas que reproduzem dinâmicas familiares que já conhecemos. É por isso que muitas pessoas se veem presas na chamada armadilha ansioso-evitativo.
Estes são, na verdade, dois lados opostos do mesmo espectro, mas que se atraem mutuamente. Ambos os tipos possuem aquilo que temem ou aquilo que sentem que precisam lutar para conseguir:
* **Para o evitativo:** A pessoa ansiosa representa alguém que necessita de algo deles, alinhando-se com a crença familiar de que intimidade é avassaladora. Manter a pessoa à distância parece natural e alinhado com seu sistema de crenças.
* **Para o ansioso:** A pessoa ansiosa, que se inclina em busca de amor, atrai um parceiro evitativo que o mantém à distância. Isso gera um ciclo constante de tentar provar seu valor ou forçar a aproximação para ter suas necessidades atendidas, encontrando alguém que, inevitavelmente, se sente sobrecarregado por essa intensidade.
O Caminho da Cura: Integração, Não Eliminação
A maneira de curar esses padrões é se conectar com a criança interior que os estabeleceu. Devemos ver, ouvir, acalmar e nutrir essa parte de nós.
É fundamental ser honesto consigo mesmo sobre o “payoff” (benefício implícito) que você obtém ao tentar “consertar” os outros ou se ver como um “fixador” (ou “people pleaser”). Quando éramos crianças, ser “bom” significava ser aprovado e validado. Tentar consertar alguém hoje pode ser uma tentativa inconsciente de alcançar essa aprovação.
Ao tentar consertar outra pessoa, estamos projetando a crença de que ela está “quebrada” e que é nossa responsabilidade consertá-la. Isso cria um padrão codependente e, ironicamente, impede que a outra pessoa realize seu verdadeiro poder.
Se a dor e o sofrimento são reflexos de que algo precisa mudar, ao intervir para “consertar”, removemos essa dor, anestesiando a situação e sinalizando à outra pessoa que ela não precisa fazer o trabalho interno necessário.
Padrões e Projeções em Relações
É muito importante como nos relacionamos e como enxergamos os outros, pois nossas expectativas influenciam o comportamento alheio.
* **Críticas:** Criticar parceiros ou amigos, em qualquer tipo de relacionamento, pode reforçar neles um sentimento de vergonha e a crença inconsciente de que “há algo errado comigo”. Isso cria uma energia de resistência.
* **Presença vs. Conserto:** As pessoas aprendem mais através da presença. Ser capaz de segurar um espaço para que alguém faça uma mudança interna é mais eficaz do que tentar intervir ativamente para consertar.
Quando alguém expressa que “tentar consertá-lo me quebrou e depois ele me deixou”, isso geralmente significa que você precisou abandonar a si mesmo e esgotar sua energia para manter a dinâmica. Se o relacionamento se torna não recíproco, a autodesistência já ocorreu. O rompimento é apenas o reflexo de você ter se abandonado primeiro.
Lidando com Loops Mentais (Thought Loops)
Para sair dos loops mentais (pensamentos repetitivos):
1. Tornar-se consciente: O primeiro passo é reconhecer que você está preso em um loop de pensamentos.
2. Distanciamento: Entenda que você pensa pensamentos, mas você não é seus pensamentos. Assim como você sente emoções, mas não é elas. Um padrão de apego ansioso ou evitativo é um padrão, não sua identidade.
3. Observação sem Reação: Observe o pensamento sem reagir a ele.
4. Soltar a Resistência: A forma errada de sair de um loop é tentar controlá-lo ou dizer a si mesmo que você *deve* sair dele. Em vez disso, permita que seja ok ficar no loop e apenas observe. A resistência é o que mantém o padrão ativo.
Se o seu loop mental envolve pensar constantemente em um ex, o ex é apenas um símbolo para um padrão não resolvido do passado – geralmente ligado a sentimentos de abandono vivenciados na infância, quando um dos pais falhou em prover o que você precisava.
Elevando Seus Padrões de Forma Saudável
Mudar permanentemente requer elevar seus padrões de forma consistente.
Em relacionamentos, elevar o padrão significa:
* Não se sobrecarregar, nem tentar consertar ou suprimir energias.
* Buscar dinâmicas recíprocas e equilibradas (dar e receber balanceado).
* Ter a coragem de expressar como se sente ou o que está percebendo, ou ter a coragem de se afastar se a relação não for recíproca.
Se o seu padrão é atrair pessoas tóxicas ou que drenam sua energia, e você tolera isso por muito tempo, é porque se sente responsável pela situação. O novo padrão deve ser: “Eu não tolero mais esse nível de energia”.
É importante que os padrões sejam enraizados na energia e nos valores, e não apenas em superficialidades (como uma “longa lista de verificação” de traços físicos ou superficiais). Padrões superficiais podem levar ao isolamento, pois a energia que você projeta (como o julgamento) é o que você atrai de volta.
Se você se encontra dizendo que “o problema é sempre o outro” (típico do ansioso) ou que “o problema sou sempre eu” (típico do evitativo), isso é um sinal de que um padrão está sendo repetido.
A cura acontece quando você consegue nutrir aquela criança interior ferida, reconhecendo que o evento passado (seja ele a traição ou o abandono) foi um padrão inconsciente da outra pessoa, e não um ataque pessoal à sua essência divina. Você pode manter a responsabilização (accountability) sem se envolver novamente na dinâmica.






