A Liberdade de Não Ser Gostar: O Poder de Ser Você Mesmo
A verdadeira liberdade é a capacidade de ser desagradável para alguém. Pense no peso que carregamos ao buscar a aprovação e validação dos outros, tentando provar nosso valor constantemente. Essa busca é exaustiva. Em contraste, quão libertador é abandonar esse fardo e simplesmente declarar: “Este é quem eu sou. Você pode aceitar ou não. Está tudo bem de qualquer maneira.”
O interessante é que as pessoas sentem a sua energia. Quando alguém percebe que você está tentando controlá-lo ou buscando ativamente seu agrado — o que, por sinal, ocorre quando você deseja algo dessa pessoa —, elas sentem isso. E quando alguém se sente manipulado, a reação natural e subconsciente é resistir.
Você já percebeu alguém buscando incessantemente por elogios? Se você sente essa necessidade, raramente é a coisa mais atraente. Mesmo que você tente agradar, uma parte sua sabe o que está acontecendo. A energia de querer que os outros gostem de você é, na verdade, a energia de carregar o peso da aprovação alheia, condicionando seu bem-estar à aceitação externa.
A verdadeira liberdade surge ao abandonar a crença de que a validação ou aprovação de outra pessoa é necessária para você se sentir bem.
O Paradoxo da Autenticidade
Existe um paradoxo fascinante na autenticidade. Quanto mais permissão você se dá para ser a sua verdadeira versão, mais você atrai duas coisas: pessoas que realmente ressoam com o seu “eu” real e, ao mesmo tempo, economiza tempo e energia de conversas superficiais que você não deseja ter.
Considere uma experiência recente ao visitar um barbeiro. Ao esperar, notei uma estante com livros sobre psicodelia e um produto chamado *Florida Water* (Água da Flórida), frequentemente usado em medicinas de plantas. Por eu conhecer um pouco sobre o assunto, fiz um comentário sobre os livros e a água. O profissional me explicou que eles pertenciam a um colega de trabalho, pois ele, sendo cristão, não se envolvia com aquilo. A conversa seguiu sem julgamentos ou confrontos, mas senti uma curiosidade genuína dele sobre minha conexão com o tema.
Respeito Mútuo na Diferença
Em outro momento, ao mostrar minhas tatuagens, o barbeiro perguntou de forma direta se eu estava tentando “gritar despertar espiritual” ou algo parecido. Embora o comentário pudesse soar um pouco grosseiro para alguns padrões superficiais, eu o recebi com presença e curiosidade. Ele então explicou sua perspectiva cristã, e a interação permaneceu amigável e não-confrontadora.
Ele reconheceu que eu não ressoava com ele em alguns valores, mas também notou minha familiaridade com a arte das tatuagens, mencionando inclusive o artista russo que faz as minhas. Fiquei surpreso com a coincidência de ambos conhecerem o mesmo tatuador.
O ponto chave dessa interação foi que **nenhum de nós lutou pela aprovação do outro**. Houve um reconhecimento mútuo de que tínhamos valores diferentes e que, talvez, não nos tornaríamos clientes de longo prazo um do outro. E isso foi ótimo. Às vezes, o contraste de conhecer pessoas que pensam diferente é muito esclarecedor e saudável.
A Liberdade de Ser Polarizador
A energia de querer que os outros gostem de você bloqueia as pessoas que realmente ressoariam com o seu eu autêntico. Subconscientemente, lutamos para manter dinâmicas familiares, mesmo que sejam superficiais ou ultrapassadas, bloqueando novas experiências.
A liberdade surge quando você percebe que não precisa se apegar a relacionamentos mornos ou superficiais que consomem sua energia vital.
Pode ser que você esteja mantendo relacionamentos estagnados ou condicionais, onde o dar e receber é estritamente trocado, criando codependência. Isso bloqueia a entrada de novas pessoas e experiências.
É preciso coragem para deixar ir, para encerrar relacionamentos superficiais e para aceitar que, quanto mais você é seu verdadeiro eu, mais haverá um reflexo de pessoas que não ressoam com você. E isso é algo esperado.
A única vez que a não-ressonância se torna um grande desafio é quando você acredita que todos deveriam gostar de você.
O Sinal da Verdadeira Conexão
O mais autêntico e ousado que você for, mais pessoas ressoarão profundamente com você. Da mesma forma, mais pessoas não ressoarão. Isso polariza, e isso não é um problema, a menos que você acredite que seja, e que necessita da aprovação de todos.
É interessante observar nas redes sociais: os vídeos que geram mais comentários negativos são frequentemente aqueles que alcançam o maior número de pessoas novas. As pessoas que já te seguem tendem a te aceitar, mas quando você alcança um novo público, há reações mais fortes — positivas e negativas. Ver comentários negativos é um indicador de que você está alcançando além da sua bolha de seguidores fiéis.
Não Leve Para o Lado Pessoal
Muitas vezes, o julgamento alheio não é um reflexo puro de quem você é, mas sim um espelho de algo que está sendo acionado na outra pessoa.
Por exemplo, se você menciona que faz YouTube ou trabalha com consciência e espiritualidade, algumas pessoas podem reagir com ceticismo ou preconceito (associando a algo “esotérico” ou “new age”). No entanto, você deve lembrar: **eles podem acreditar no que quiserem. Eu sou eu.**
A liberdade real acontece quando você para de tentar proteger uma imagem, de provar seu valor e de buscar a adesão de todos.
A liberdade surge quando você aceita que é perfeitamente normal que algumas pessoas não ressoem com você. Isso é um **fato neutro**. Não significa que há algo de errado com você. Se você permite que isso seja aceitável, você se sente mais leve.
O símbolo daquele encontro no barbeiro ilustra isso: reconhecemos a diferença, mas o serviço foi prestado, e a interação foi amigável. É fundamental aceitar que as pessoas têm diferentes perspectivas.
A liberdade final reside na sua permissão para ser você mesmo, independentemente da validação ou aprovação externa.






