Deixe as Pessoas Serem: O Poder da Não-Responsabilidade Emocional
A lição principal de hoje é permitir que as pessoas existam em sua própria energia, que mantenham sua perspectiva e que sintam o que precisam sentir, seja frustração ou qualquer outra emoção. Talvez seu papel não seja se sentir responsável por isso, nem achar que você precisa controlar a situação em qualquer nível.
A verdadeira liberdade surge quando você percebe que pode deixar os outros sentirem o que sentem, sem que você precise se sentir responsável por isso.
O Peso Subconsciente da Responsabilidade
Muitas vezes, o que acontece é que, desde a infância, absorvemos subconscientemente a ideia de que é nossa responsabilidade acalmar a tensão dos outros, ou que não podemos desapontar as pessoas. Temos a sensação de que nosso valor depende da validação ou aprovação alheia.
Isso gera um peso, um fardo e um nível de controle sobre o processo, acompanhado de um certo nível de expectativa.
Quando você deixa isso ir, quando você percebe que está bem de qualquer maneira — quer alguém esteja tenso ou não — porque não é sua tarefa gerenciar o estado emocional do outro, você se sente bem. Você percebe que, para algumas pessoas, o que você precisa fazer é justamente permitir que elas fiquem na energia delas.
Isso pode ser, na verdade, o “remédio” que elas precisam. Você já parou para pensar nisso? O “remédio” de algumas pessoas pode ser que você permita que elas lidem com suas próprias energias e percebam que conseguem gerenciar seus sentimentos sozinhas.
Lembro-me de, crescendo, sendo o filho mais velho, eu me sentia responsável pelos meus irmãos. Eu sentia que era meu trabalho ser o pacificador da família. Como adulto, eu ainda carregava esse sentimento de responsabilidade pelas emoções alheias. A condição para eu sentir amor quando criança era: se eu conseguir validação e aprovação, então posso sentir amor.
Em vez de focar na conexão profunda e no amor, a conexão se torna focada nessa condição. Lembre-se: você atrai para sua vida pessoas que refletem a energia não resolvida que está dentro de você. Se você atrai pessoas difíceis de agradar ou que você teme desapontar, talvez a chave seja simplesmente permitir que elas sejam.
Projeção e a Identidade do “Consertador”
Ao tentar “consertar” outras pessoas ou evitar desapontá-las, estamos projetando nelas algum nível de fragilidade, uma ideia de que elas não conseguem descobrir as coisas sozinhas. Isso mantém a identidade delas como “quebradas” e as mantém nessa energia, ou seja, mantemos o ciclo de “facilitar” a situação para elas.
A Tensão da Escolha: Mitigar ou Abraçar?
A verdadeira transformação acontece quando você permite que a tensão exista. Pense nisso: se você mitiga a tensão de outra pessoa, sentindo-se responsável, e se sente desconfortável com a tensão dela, você a absorve, certo? Ao aliviar essa tensão, você sente que está no controle, que pode fazer algo a respeito.
Alternativamente, se você permite que a pessoa lide com a própria tensão, você evita a tensão do ressentimento que surge ao carregar o problema do outro.
Com a primeira opção, você pode estar, inadvertidamente, “facilitando” a situação do outro, roubando-o da lição que ele precisa aprender. Com a segunda opção, você permite que a pessoa lide com o que está surgindo, e você não se ressente, pois está escolhendo a si mesmo, permitindo que o outro fique naquela energia.
De um jeito ou de outro, há tensão. O crescimento reside em abraçar a tensão, em permitir que ela exista. A força está em deixar as pessoas serem.
A Importância dos Limites: Externos e Internos
Se você deseja ter mais limites e ser mais confiante em seus relacionamentos, o primeiro passo é respeitar a si mesmo. Uma das formas mais poderosas de ganhar respeito dos outros é começar a respeitar a si mesmo, e isso se dá através da definição de limites.
Existem dois tipos de limites que podem transformar sua vida:
1. **Limites Externos:** São aqueles que você verbaliza. É quando você diz claramente: “Não irei àquela festa” ou “Não aceito a forma como você está falando comigo; vou me afastar agora.” Algumas pessoas têm bloqueios com limites externos, pois expressar-se quando criança talvez não fosse seguro.
2. **Limites Internos:** Estes são ainda mais poderosos. Eles envolvem a conscientização sobre suas crenças a respeito dos limites. O que você acredita sobre limites e o que você acredita sobre as pessoas? Você acredita que, ao estabelecer um limite, as pessoas vão respeitá-lo? Os limites internos estão ligados à sua capacidade de sentir separação entre você e os outros, e entender que a tensão que surge no outro é responsabilidade dele, não sua.
O Exemplo Prático dos Limites
Em eventos com muitas pessoas, aprendi a estabelecer limites para garantir meu descanso. No início, sentia que era rude ou errado pedir uma pausa para descansar a voz. Eu me sentia responsável por atender a todos.
Eventualmente, comecei a comunicar os limites no início do evento. Percebi que sempre havia uma expectativa interna de que algumas pessoas não escutariam, e eu teria que reafirmar o limite verbalmente. Eu me frustrava com a repetição, mas a frustração era direcionada à minha versão passada, aquela criança interior que sentia que seus limites não eram respeitados.
O que fiz foi curar essa energia interna. Passei a ter a expectativa de que os limites seriam respeitados, mas, crucialmente, fiquei confortável caso não fossem. Eu sabia que, se precisasse reafirmar, faria isso de uma maneira mais neutra.
As pessoas se conformam às suas expectativas. Se você espera que elas cruzem seus limites, elas o farão. Se você espera que sejam pontuais, elas o serão. A diferença crucial é a **expectativa sem apego ao resultado**. É normal esperar que as pessoas cumpram o que foi acordado, mas se você precisa dizer gentilmente que está esperando há 15 minutos, você pode fazê-lo, mas sem aquela energia pesada e de cobrança.
Evitar a Tensão vs. Ser Autêntico
A maior liberação é parar de tentar ser “bom” no sentido de evitar a tensão ou os sentimentos desconfortáveis dos outros. Sua maior descoberta é parar de ser “bom” e começar a ser autêntico.
Parar de ser bom se isso significava abandonar a si mesmo ou absorver a responsabilidade e a tensão alheia. Em vez disso, concentre-se em ser autêntico e real, sabendo que há poder em deixar as pessoas lidarem com o que surge para elas. Não é sua tarefa gerenciar essa tensão.
Você sentirá tensão ao permitir que alguém lide com sua própria tensão. Haverá tensão de qualquer forma. Você pode escolher sentir a tensão de ser responsável pela energia alheia e tentar manipulá-los para se sentir melhor consigo mesmo, ou pode permitir que eles sintam a frustração e escolher a si mesmo, não ressentindo essa escolha.
Conexão vs. Validação
Como se conectar com os outros sem se preocupar com o que eles pensam? É fundamental entender que **conectar-se e amar é diferente de buscar validação e aprovação**.
Validação e aprovação geralmente vêm com condições e servem como substitutos para o amor e a conexão. Se, na infância, a condição para sentir amor era obter aprovação dos pais, inconscientemente buscamos essa condição nas relações adultas. Se buscamos a condição, não estamos buscando o amor verdadeiro.
Conectar-se com os outros é, fundamentalmente, aceitar-se e permitir que eles gostem ou não de você. Você precisa estar bem com qualquer um dos resultados, sem apego.
Pessoas que desejam se sentir “escolhidas” têm um desejo subconsciente de serem escolhidas, talvez estabelecendo a regra de que “essa pessoa precisa me escolher”. Mas você só pode deixar alguém te escolher se puder aceitar se for escolhido ou não. O que há de tão ruim em não ser escolhido?
Em sua mente, a rejeição pode acionar feridas da infância. Mas e se você aceitar que ser rejeitado é uma possibilidade, em vez de tentar evitar a rejeição? **Abrace a rejeição**. As pessoas não o escolherão até que você se escolha.
O Mito do “Twin Flame”
Em relação a alguém que se acredita ser um “twin flame” (chama gêmea) e que está se casando, o conceito de “twin flame” é, muitas vezes, um processo de pensamento codependente que o mantém preso à energia familiar, acreditando que alguém é a outra metade da sua alma. Há muitos conceitos espirituais sobre almas gêmeas que nos mantêm presos à energia de outra pessoa, o que nos desempodera.
Isso é mais um vínculo de trauma do que a outra metade da sua alma. Se essa pessoa realmente fosse a outra metade da sua alma e você estivesse em amor incondicional, você a deixaria seguir o caminho que ela acredita ser melhor no momento. A condição — “Se você não se casar e ficar comigo, eu serei feliz” — não é amor incondicional.
O que mantém as pessoas presas em conceitos como “twin flame” é a crença de que elas são incompletas sem o outro. O aprendizado real é reconhecer que você é sua própria chama gêmea. Você ainda pode amar outras pessoas, mas o grau em que elas podem amá-lo está conectado ao grau em que você se ama.
Atraindo Evitação
Sobre parar de atrair evitação (pessoas com estilo de apego evitativo), a primeira coisa a perguntar é: **Que benefício você obtém ao atrair a evitação?**
Embora você diga que não gosta disso, inconscientemente, o padrão evitativo-ansioso pode ser o que é familiar. Você pode interpretar a intensidade emocional das altas e baixas do “quente e frio” como amor e conexão, quando na verdade é a adrenalina da resposta de “luta ou fuga”. Você está vivendo em modo de sobrevivência, perguntando: “Quem eu preciso ser para ganhar seu amor e aprovação?” Isso é **dopamina**, não amor.
Você atrai evitação porque também é atraído por ela, pois ela reflete algo familiar da sua infância. O caminho para mudar isso é começar a se sentir mais calmo no seu sistema nervoso, nutrindo sua criança interior ansiosa. Quando você se sente mais calmo internamente, pode começar a buscar pessoas que ressoem com essa calma, em vez da excitação do drama.
Quando alguém que tem um padrão mais seguro aparece, pode parecer entediante, pois não está reproduzindo o mesmo “jogo” ao qual você está acostumado. As pessoas com apego ansioso muitas vezes querem o evitativo, pois a aprovação dele parece validar sua própria identidade.
Aprender a expressar o que você sente, aceitando o risco da rejeição, é fundamental para quebrar esse ciclo de tentar provar seu valor.
O crescimento vem de permitir que as pessoas fiquem desapontadas. A tensão que surge por deixá-las lidar com isso não é sua para gerenciar. Ao permitir que elas fiquem com essa tensão, você não assume essa energia. Você pode sentir desconforto ao permitir que elas lidem com isso, mas você sentirá tensão de qualquer maneira — ou você absorve a responsabilidade e manipula, ou permite a liberdade e aceita o ressentimento, mas escolhendo a si mesmo.
Permita que as pessoas lidem com o que está surgindo para elas. Esse é o caminho para se tornar a versão mais magnética de você.






