A Força dos Espelhos: Como Crenças Subconscientes Moldam Sua Realidade
As pessoas refletem para nós aquilo que acreditamos subconscientemente sobre nós mesmos. Além disso, elas espelham a energia que toleramos e com a qual nos familiarizamos. Essa é uma reflexão importante a se fazer quando percebemos padrões recorrentes em nossa vida.
Se você se encontra atraindo padrões tóxicos ou pessoas desafiadoras, é fundamental questionar: **que parte de mim normalizou essa energia?** Tornar-se consciente disso é o primeiro passo para a mudança.
Neste artigo, vamos explorar alguns desses padrões subconscientes e a energia que os sustenta.
O Padrão do Excesso de Doação (Overgiving)
Quando alguém age por excesso de doação, existe uma crença subjacente de que doar faz parte de sua identidade. Há também a crença de que, se não estiverem doando, não estão gerenciando a energia do ambiente ou absorvendo a tensão.
Estamos falando do ato de doar em excesso, especialmente quando atrelado à autoestima. Subconscientemente, se você se doa em demasia, pode ser porque acredita que não é digno simplesmente por ser quem você é.
O que acontece, então, é que você projeta nos outros o desejo de consertá-los ou de doar, pois isso alimenta a sua identidade e pode parecer que está completando um ciclo de energia de criança interior.
É importante notar que a doação excessiva pode, muitas vezes, ser uma forma de manipulação por doação, especialmente quando há uma agenda oculta envolvida.
A Armadilha da Agenda e da Resistência
Quanto mais agendas você carrega, maior é o seu apego ao resultado, e maior é a sua resistência. Imagine alguém tentando desesperadamente se vender para você, listando qualidades para garantir que você o veja de uma certa maneira. Você sente essa agenda.
O que você precisaria acreditar subconscientemente para se sentir na necessidade de se provar constantemente aos outros? Você precisaria acreditar que não é digno, e que sua autoestima está ligada ao que você faz e à forma como se apresenta às pessoas.
A verdadeira liberdade surge quando você para de jogar esse jogo. A liberdade é ser bom consigo mesmo, independentemente de as pessoas gostarem de você ou não. Você para de jogar esse jogo de controle.
O Espelho da Consciência
Pessoas estão, na verdade, refletindo de volta para você o que você acredita ser verdade sobre si mesmo. Elas espelham o que você acredita merecer e refletem a maneira como você trata a si mesmo.
Por que as pessoas espelham coisas de volta? Porque os outros são, em essência, outros aspectos da sua própria consciência. Somos todos um, uma ideia espiritual mais profunda, mas o ponto é: tudo é um espelho.
Isso significa que, quando falamos sobre regular o sistema nervoso, uma das ações mais poderosas é tomar consciência do que o regula e do que o desregula. É preciso tomar consciência de como se sentir seguro dentro do próprio corpo e de como direcionar a atenção para dentro do corpo.
A Dinâmica das Fronteiras: Internas vs. Externas
Existem dois tipos de fronteiras (ou limites): internas e externas.
* Fronteiras Internas: São onde você começa a sentir genuinamente dentro do seu próprio corpo. É onde você se torna consciente de quais são suas crenças sobre as pessoas.
Pense nisto: se você acredita que todos estão tentando tomar sua energia, se você sente que precisa proteger sua energia, você está projetando nos outros a expectativa de que eles irão manipulá-lo ou cruzar seus limites.
* Fronteiras Externas: Se você não estabelece fronteiras internas — ao se tornar consciente de suas crenças sobre os outros —, você se vê forçado a estabelecer fronteiras externas.
No entanto, estabelecer limites externos não é tão poderoso quanto as fronteiras internas. As crenças internas, que sugerem que as pessoas são manipuladoras e que você precisa se proteger, tornam os limites externos uma reação em vez de uma postura de autoconfiança.
Embora estabelecer limites externos (“Não atravesse meu limite”) possa ser útil, a verdadeira questão é: você responsabiliza as pessoas se elas os cruzarem?
Muitas vezes, as pessoas estabelecem limites externos, mas não são consistentes. Elas os dizem, mas não os sustentam de fato, o que reflete uma falta de congruência com o limite interno.
Se você tem uma fronteira interna onde sabe que pode confiar nas pessoas com quem interage, não há necessidade de impor um limite externo rígido.
O controle, por outro lado, está ligado ao medo. O medo surge da crença de que, se você não controlar a situação, algo ruim acontecerá — como o medo de que alguém vá embora.
Portanto, há fronteiras internas (sua realidade interna de como você se relaciona consigo mesmo e com os outros) e fronteiras externas.
Muitas pessoas focam apenas nos limites externos (“Não fale assim comigo”, “Não faça aquilo”), o que, em certa medida, ainda é uma forma de controle. O problema não está na existência de limites, mas no controle que eles tentam impor, o que se origina das crenças internas.
Lidando com a Sensação de Estar Errado
Uma pergunta comum é: “Por que sinto que estou sempre errado ou fazendo algo de errado?”
Frequentemente, a resposta reside no medo: o que você teme que aconteça se você errar? O que há de errado em estar “errado”? Em muitas culturas, ser “mau” — o que pode ser definido como estabelecer limites ou expressar necessidades — é visto negativamente. Se expressar o que você sente é considerado “ruim”, você terá medo de fazê-lo.
Para quem tem o padrão de agradar os outros (people pleasers), o avanço muitas vezes requer inclinar-se para a tensão.
Ao compartilhar vulneravelmente o que você sente — como admitir que está nervoso em um encontro —, você mostra autenticidade. Se você apenas aceita e expressa o sentimento, as pessoas tendem a ressoar com essa honestidade. Se, em vez disso, você diz: “Estou nervoso, mas me importo muito com o que você pensa”, isso demonstra um apego ao resultado, o que muda a energia.
A vulnerabilidade — como reconhecer que você não estava em um estado de fluxo, por exemplo — pode, ironicamente, colocá-lo em um estado de fluxo, pois remove a pressão de parecer perfeito.
O Papel da Inconsistência e da Culpa nos Limites
Ao estabelecer limites, mesmo que externos, se houver uma discrepância com seus limites internos, você pode sentir culpa por impor regras aos outros.
No contexto de eventos com muitas pessoas, a necessidade de pausas e descanso da voz é real. Se você desenvolve a história de que precisa dar energia o tempo todo, o estabelecimento de limites pode gerar culpa.
Contudo, ao perceber que não reservar um tempo para si resulta em drenagem e incapacidade de entregar sua melhor energia, você entende que limites são necessários para sustentabilidade.
Se você estabelecer um limite externo, mas as pessoas o cruzarem, e você não se sentir justificado ou não esperar que respeitem, isso sinaliza uma falha na sua fronteira interna.
É crucial reconhecer que, se alguém desrespeita um limite estabelecido, essa reação ou desapontamento é responsabilidade da outra pessoa, e não sua. Você não é responsável pela reação alheia ao seu limite.
Quando suas fronteiras internas (o que você realmente acredita e sente ser verdade) e externas (o que você comunica) estão congruentes, torna-se mais fácil manter os limites sem sentir medo ou culpa.
A Dinâmica do Gatilho (Trigger)
Se você tem um problema em se expressar, é provável que encontre pessoas que refletem essa dificuldade até que você integre a aceitação de se expressar, tornando-se “bom de qualquer maneira”.
Seu gatilho pode ser um espelho:
1. Quando alguém o aciona: Pode ser um sinal de que aquela energia que o incomoda já existe dentro de você.
2. Quando você aciona alguém: Em um contexto profissional (como coaching), é intencional provocar um gatilho para forçar um avanço, expondo onde a pessoa ainda está limitada ou não é livre.
No entanto, na vida pessoal, apenas ser você mesmo pode acionar outras pessoas. O importante é se tornar confortável com isso, entendendo que o gatilho pode ser “remédio” para o outro, mas você não precisa se engajar com aquela energia se ela não for sua responsabilidade.
Em suma, a realidade é um reflexo de sua relação consigo mesmo. As coisas que você evita expressar são as que continuarão a surgir até que você se familiarize em expressá-las e se sinta bem, independentemente do resultado.






