O poder de ser bom, querendo ou não, eles escolham você

A Energia Subconsciente de Escolher a Si Mesmo

Este artigo explora o significado profundo de “escolher a si mesmo” e como isso se relaciona com a cura de feridas de abandono, focando na energia subconsciente envolvida no processo.

O Paradoxo de Escolher a Si Mesmo

O ato de escolher a si mesmo apresenta um paradoxo central. O que isso realmente significa? Frequentemente, ouvimos o conselho: “Escolha a si mesmo e tudo ficará bem.” No entanto, muitas pessoas se perguntam como, na prática, isso é feito.

Escolher a si mesmo é, essencialmente, escolher ser autêntico e vulnerável. Isso implica fazê-lo mesmo que isso signifique não se prender ao que outras pessoas dizem, pensam ou fazem.

Quando você começa a se escolher, sendo autêntico e vulnerável, é natural que isso repila certas pessoas da sua vida. Se essas pessoas se sentem “ativadas” ou incomodadas quando você começa a se priorizar, é porque elas se tornaram condicionalmente ligadas à versão de você que se abandona. Em outras palavras, elas estavam se beneficiando desse seu autodescuido. Isso significa que algumas pessoas podem só se conectar com a parte de você que se abandona.

O Paradoxo em Relacionamentos

Em um nível mais profundo, quando se trata de escolher a si mesmo em amizades ou relacionamentos, um componente poderoso é estar bem com o resultado, seja que as pessoas escolham você ou não. Você precisa entender e aceitar que ambos os resultados são aceitáveis, pois é assim que você realmente dá às pessoas a oportunidade de escolher você.

Se você exige que os outros o escolham, você cria resistência e uma demanda. Essa demanda impede que a escolha seja genuína, pois você está tentando controlar o resultado.

Você não pode permitir que alguém o escolha, a menos que também exista a possibilidade de que não o escolha. Quando você se torna capaz de estar bem com qualquer um dos resultados, é nesse momento que você está no seu poder.

A Importância de Estar Bem com Ambos os Resultados

Estar “bem de qualquer maneira” significa que, ao escolher ser autêntico e vulnerável — não apegado ao que as pessoas pensam, sabendo que você não precisa internalizar a opinião alheia —, você entende que a não escolha de alguém não significa que você não é bom o suficiente ou digno.

Internalizar a opinião alheia é quando você permite que a decisão de outra pessoa signifique algo sobre quem você é.

O paradoxo é o seguinte: a única razão pela qual você deseja que as pessoas o escolham é porque você não está escolhendo a si mesmo.

Para ser claro:
Escolher a si mesmo significa ser autêntico e vulnerável ao se expressar, sem se prender ao que os outros dizem ou fazem. Você escolhe ser essa versão de si mesmo porque é quem você decide ser.

Quando você se mantém nessa versão, o que acontece? Você começa a gostar de si mesmo, e outras pessoas podem refletir esse gostar de volta para você. Quando você se escolhe, os outros podem refletir essa energia de volta, pois você está ancorado em sua própria escolha. Isso se torna magnético. É um teste prático: ver quem ressoa com você quando você está bem com a possibilidade de não ser escolhido. Lembre-se, se você demanda a escolha, isso é manipulação.

Um Experimento Mental: Invertendo a Prioridade

Imagine viver em uma realidade onde não ser escolhido pelos outros fosse algo “legal” ou até mesmo preferível, e ser escolhido fosse algo mediano. Embora a psicologia evolutiva nos faça querer conexão, isso inverte a pressão. Você para de resistir ao que teme — a rejeição.

Escolher a si mesmo, ser autêntico e vulnerável, sem se importar com o que os outros pensam, é a coisa mais magnética que se pode fazer. Quando você é a versão real de si mesmo, se as pessoas ressoam com isso ou não, isso não lhe afeta, porque você gosta de si mesmo.

Autenticidade vs. Ser Agradável

Uma pergunta comum é: como se escolher sem ser rude?

Muitas vezes, pessoas que têm medo de serem rudes interpretam a autenticidade como grosseria. Elas podem estar acostumadas com a bajulação (pandering) ou a submissão (fawning), que é ser “legal”.

Ser rude e ser legal são, em essência, traços tóxicos se usados como padrão. Ser rude pode ter uma intenção agressiva ou ofensiva, embora às vezes possa parecer assim sem intenção. Ser legal, no entanto, é um traço tóxico porque significa ser manipulador.

Ser gentil é diferente de ser legal. Ser gentil não está apegado ao resultado; é fazer algo sem expectativa. Ser “legal” geralmente implica ter muita agressão e raiva reprimida, e a pessoa não se sente capaz de se expressar.

Pessoas que são “legais” de forma manipuladora muitas vezes não são respeitadas, pois estão escolhendo um padrão de evitar tensão e assumir responsabilidade pelas emoções dos outros, movendo seu centro de gravidade para fora de si mesmas, o que não gera segurança.

Quando você se expressa vulnerável e autenticamente como realmente se sente, você permite que os outros se sintam seguros ao seu redor. Quando as pessoas sabem onde você está, essa é uma energia atraente, mesmo que cause tensão momentânea, pois você está sendo real.

Estabelecer limites não o torna rude. Expressar-se autenticamente e ser vulnerável não é sua responsabilidade consertar a reação dos outros.

Padrões Subconscientes

Escolher a si mesmo envolve ser honesto sobre os padrões subconscientes de sobrevivência que estão operando abaixo da superfície, impedindo você de se escolher verdadeiramente.

Se você está sendo “legal” (e não gentil), há uma expectativa de resultado, o que gera uma energia subconsciente manipuladora. Isso sinaliza uma desconexão; você não está congruente. Como as pessoas podem se sentir seguras com você quando você está ajustando seu comportamento para cada indivíduo, abandonando a si mesmo?

É poderoso começar a abraçar a tensão e a autenticidade. Pode parecer assustador no início, especialmente ao estabelecer limites com pessoas com quem você nunca os estabeleceu antes. Se elas reagirem, pode ser porque estavam acostumadas com a versão de você que se abandonava, a parte responsável pelas emoções delas.

Se você perder pessoas, talvez a autenticidade e a vulnerabilidade sejam o teste perfeito para ver quem realmente ressoa com você em um nível profundo e quem só se conectava com a parte de você que se abandonava. Pessoas que realmente o amam e têm amor incondicional se adaptarão à sua nova forma de ser.

Indo Além da Sobrevivência: Escolhendo o Divino

Escolher a si mesmo, saindo do modo de sobrevivência (que é impulsionado pelo ego), leva a escolher algo maior que você, o Divino ou Deus.

O ego busca sobreviver. Se você tenta controlar os outros para garantir sua sobrevivência (sendo legal, consertando pessoas), você está abandonando a si mesmo e entrando em um ciclo de se sentir sobrecarregado.

Escolher a si mesmo é escolher vulnerabilidade e autenticidade por serem reais, não pelo que elas trazem. É ficar consciente dos padrões de evitar a si mesmo — como consertar, agradar, ou não estabelecer limites — e escolher algo maior.

A confiança no Divino ou Deus significa se render ao desconhecido, à autenticidade e à vulnerabilidade.

Quando você está fazendo o que ama, ou com pessoas que ama, ou escolhendo a si mesmo, você está em alinhamento com o Divino. O Divino pode ser visto como a energia do amor, ou simplesmente o desconhecido.

A prática espiritual se torna então a presença no desconhecido, abrindo mão do controle, pois o ego não precisa descobrir tudo. Se você permite que as pessoas o escolham ou não, você está removendo o controle, que é uma manifestação do seu mecanismo de sobrevivência.

Escolhendo a Criança Interior Rejeitada

Outro aspecto de escolher a si mesmo é escolher a parte da sua criança interior que se sente rejeitada ou abandonada. Em vez de buscar que os outros preencham essa necessidade de ser visto, ouvido e nutrido, você precisa dar espaço a essa parte.

Se essa criança interior bate à sua porta sentindo-se rejeitada pela ausência dos pais, e você a rejeita dizendo para ir embora, você reforça o ciclo de abandono.

Você deve dizer a essa parte: “Está tudo bem sentir isso. Está tudo bem que mamãe ou papai não estivessem lá como você precisava.” Ao permitir que essa emoção seja sentida, você a convida para “dentro de casa” para que possa se integrar e processar. Quando isso acontece, se alguém o rejeita externamente, não importa tanto, pois você está com essa parte de você agora.

A Importância da Autenticidade no Fluxo

Quando você se move em direção ao Divino, você se move em direção ao desconhecido, o que requer confiar no fluxo e abrir mão do controle. Isso permite que o amor flua.

A chave para realmente escolher a si mesmo é permitir que as pessoas o escolham ou não. Se você tenta forçar a escolha, isso é controle e manipulação baseada na sobrevivência do ego.

Se alguém não o escolhe, isso pode simplesmente significar que aquela não é a pessoa certa para você. É um teste de ressonância. Se você abraça a rejeição, entendendo que ela não define seu valor central, você está escolhendo a si mesmo em vez de se curvar ao medo da rejeição tribal.

A escolha de si mesmo, em última análise, é um processo contínuo de se tornar consciente dos padrões que o forçam a abandonar sua própria verdade e, então, escolher a vulnerabilidade e a autenticidade, confiando no desconhecido.