A Reencarnação sob uma Ótica Científica: Traços de Personalidade e Histórias de Vidas Passadas
Este artigo aborda o tema da reencarnação e vidas passadas sob uma perspectiva que busca conciliar o conhecimento científico com a experiência humana, evitando conflitos religiosos e focando na observação de padrões e fenômenos.
A Lei da Transformação e a Ciclidade da Vida
Na química, aprendemos um princípio fundamental: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Este conceito cíclico é evidente em toda a natureza, desde o ciclo da vida de uma árvore, que gera novas sementes, até o ciclo da água, que evapora e retorna como chuva, e as estações do ano. Tudo no universo opera em ciclos maiores que nós.
É curioso notar que, se tudo é cíclico, por que o ser humano seria a única exceção a essa regra universal? A ideia de que a experiência humana se encerra com a morte física parece contradizer a observação de que somos parte de um sistema maior e recorrente.
A Personalidade Além da Infância
A psicologia tradicional sugere que a personalidade é moldada inteiramente durante a infância. Contudo, a observação de pais com múltiplos filhos criados sob as mesmas condições – com os mesmos pais e ambiente semelhante – revela personalidades drasticamente diferentes. Isso sugere que a personalidade não é puramente criada na infância, mas sim revelada.
Os traços de personalidade, tendências comportamentais e até mesmo certas habilidades parecem persistir, independentemente do novo corpo físico.
Sinais de Vidas Anteriores
Existem manifestações que desafiam a explicação puramente materialista:
* **Habilidades Inatas:** Crianças muito pequenas demonstrando habilidades que não foram ensinadas ou observadas no ambiente familiar (como tocar um instrumento musical complexo sem treinamento prévio).
* **Traços de Comportamento:** Bebês exibindo reações extremas a certas situações, como irritação intensa ao tomar banho ou grande relaxamento, que são claramente traços de personalidade estabelecidos.
* **Memórias Explícitas:** Relatos de crianças que descrevem detalhadamente eventos de supostas vidas passadas, incluindo locais, pessoas e, frequentemente, a maneira como morreram.
Muitas dessas crianças descrevem mortes não naturais ou violentas. Embora a Bíblia afirme que “só se morre uma vez” – o que é verdade para este corpo físico que retorna ao pó – a consciência ou alma, análoga à água que retorna ao seu ciclo, não morre. A personalidade e os traços que a acompanham parecem residir nessa consciência espiritual, que transita entre as encarnações.
Estudos Científicos sobre a Reencarnação
O tema da reencarnação tem sido objeto de investigação científica. Um marco importante nesse campo é o **Division of Perceptual Studies (DOPS)** da **Universidade da Virgínia (UVA)**, fundada em 1967 por Jan Stevenson.
O DOPS investigou mais de 2.500 casos de crianças que relataram memórias de vidas anteriores. Os dados coletados apontaram achados significativos:
* Aproximadamente **30%** desses casos envolviam marcas de nascença ou defeitos congênitos que correspondiam a ferimentos fatais relatados pela criança.
* Cerca de **70%** dos casos solucionados envolviam mortes não naturais, violentas ou traumáticas.
Pesquisadores, como os citados no Brasil, estudaram casos sob a ótica do espiritismo e da ciência, observando que, ao tratar esses traumas passados, as pessoas experimentavam melhorias em condições físicas e emocionais inexplicáveis na vida atual, como fobias severas ou intolerâncias alimentares.
Essa continuidade da experiência cósmica, que é uma linha infinita e não uma linha que se encerra, explica por que certas experiências passadas (boas ou ruins) marcam nossa consciência.
A Filtragem Histórica e os Dogmas Religiosos
A discussão sobre a reencarnação frequentemente esbarra em dogmas religiosos, especialmente no cristianismo ocidental, que, historicamente, passou por grandes transformações doutrinárias.
No cristianismo primitivo, havia uma pluralidade de ensinamentos, com mais de 120 evangelhos circulando. No entanto, com a ascensão de Constantino no Império Romano, que adotou o cristianismo, houve a necessidade de organizar e unificar a doutrina, culminando nos Concílios da Igreja.
O Primeiro Concílio de Niceia (cerca de 325 d.C.), convocado sob a influência pagã de Constantino, estabeleceu o Credo e definiu quais seriam os evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João), excluindo escritos que davam margem a ideias como a reencarnação, que davam muito poder ao indivíduo e não dependiam da estrutura eclesiástica.
Um concílio subsequente, o de Constantinopla II (553 d.C.), convocado pelo imperador Justiniano, reforçou a remoção de ensinamentos considerados heréticos, como aqueles que sugeriam a existência de vidas anteriores. É importante notar que a palavra “reencarnação” é um termo posterior, mas as passagens bíblicas que sugeriam ciclos de vida foram sistematicamente suprimidas ou reinterpretadas.
Implicações Éticas da Consciência Cíclica
Se a consciência é eterna e as ações têm um retorno (karma ou lei do retorno), isso transforma a percepção de conduta:
* Política e Ética: Se os líderes soubessem que suas ações teriam consequências diretas em suas próximas existências, sua conduta seria alterada.
* Preconceito e Intolerância: Se a consciência transita entre corpos de diferentes raças, gêneros ou classes sociais, o racismo, o machismo e o preconceito religioso se tornam irracionais. Um verdadeiro reencarnacionista compreende que o “outro” é, em essência, ele mesmo em outra experiência.
A psicoterapia reencarnacionista, por exemplo, foca em solucionar essas memórias e traumas, tratando o ser humano em sua totalidade, e não apenas as manifestações do corpo físico.
A recordação de vidas passadas é notavelmente clara em crianças pequenas (até os 7 anos), antes que o bombardeio de informações e contaminações diárias do mundo exterior suprima essas memórias mais antigas.
Devemos ter respeito por todas as religiões e dogmas, entendendo que, como parentes imperfeitos que amamos, eles contêm verdades, mas também limitações históricas. A busca por compreender a natureza cíclica da existência nos leva a abraçar a autorresponsabilidade sobre nossas ações.






